Pequeno texto retirado da monografia de André Luiz Teixeira, sobre a origem das artes-marciais, conforme conhecemos nos dias de hoje.
Este é um assunto onde até hoje se defrontam os estudiosos do tema. De certo estas técnicas se disseminaram em todo o Oriente, mas ao que parece nunca chegaram a ser praticadas na Europa, nem mesmo no litoral do Mediterrâneo, onde o contato com o Oriente estabeleceu-se desde antes da fundação do Império Romano.
As descrições de métodos de luta praticados no Ocidente no passado, não fazem menção alguma às técnicas de luta em uso no leste da Índia. O boxe, de origem inglesa, e a luta livre greco-romana, embora fossem muito violentas, eram muito diferentes das lutas orientais, incluindo o que diz respeito ao objetivo a qual estas foram criadas, já que, tudo indica, ambas foram criadas para combate em exibições e competições e não com a finalidade de ser usada efetivamente como arma em campos de batalhas, ou como último recurso de defesa, caso se estivesse desarmado.
Não existem registros escritos precisos sobre a origem das artes marciais, porém há de se levar em conta que, os possíveis registros mais antigos da existência de técnicas elaboradas de combate, nos seja dado por duas pequenas peças babilônicas, datadas de entre 3000 e 2000 a.C. Ambas são representações de dois homens lutando, trocando golpes.
Não há nenhum outro indício de que as artes marciais tenham surgido no Crescente Fértil, mas muitas outras idéias importantes surgiram lá e de lá se espalharam para o Ocidente e Oriente.
A cultura da Mesopotâmia era rica o suficiente para permitir a existência de muitos tipos de profissionais. Os artistas marciais precisavam de tempo para praticar, estudar e desenvolver suas técnica e a corte de um soberano seria o local mais provável de os encontrarmos. Na qualidade de guarda-costas de reis, de mercadores viajantes, ou guardas de templos, eles teriam tido tempo para fazer experiências e praticar, sem envolver-se em prolongados exercícios militares.
O certo é que a arte marcial que chegou ao Oriente vinda do Crescente Fértil era primitiva, e só na Índia e na China é que começou o desenvolvimento que culminou nos sofisticados sistemas que conhecemos hoje em dia.
Porém, independente da existência de técnicas mais elaboradas ou sofisticadas (como o uso de torções, ou técnicas que envolvem até um complexo estudo biomecânico, que amplifica a potência dos golpes) é certo afirmamos que o homem sempre procurou criar meios de se defender e de utilizar o próprio corpo como arma de ataque, sendo este um instinto natural não só do homem, mas de todo ser vivo. Podemos observar as crianças, que desde bem novinhas, já se defendem e agridem, se utilizando de mordidas, tapas, arranhões etc e todo esse repertório de golpes não precisou ser ensinado, ou mesmo observado por estas crianças, elas apenas agiram com os seus instintos. E as artes marciais partem do estudo e desenvolvimentos básico desses movimentos mais simples, como citam Howard Reid e Michael Coucher:
“ Os ingredientes básicos que compõem uma arte marcial foram misturados, um por um, desde antes do início das civilizações. O básico: chutar, dar rasteira, arranhar. Morder, puxar cabelo, bater com a mão aberta, enfiar o dedo nos olhos, empurrar, puxar são movimentos naturalmente usado pelas crianças ao brincar. Certas técnicas mais sofisticadas, como a do soco, têm de ser aprendidas. As chaves, lançamentos e técnicas de ataque e defesa empregadas pelos artistas marciais são dotados de uma complexidade de ordem completamente diferentes ”. (Reid ,Coucher l,1983, p. 16)
Por fim, é sabido que de uma forma ou de outra, todos os povos conhecidos, desenvolveram suas próprias técnicas e estratégias de combates. As melhores continuaram e foram replicadas e melhoradas por outros povos, as menos eficientes sucumbiram nos próprios campos de batalha, acabando assim por serem esquecidas ou descartadas.
Concluímos então que, nenhuma técnica marcial conhecida nos dias de hoje, foi tecnicamente ineficiente, muito pelo contrário, se hoje ainda conhecemos estas técnicas e as praticamos, este é um sinal de que estas técnicas foram tão eficientes que passaram nos testes dos campos de batalha e mantiveram vivos seus praticantes, a ponto destes repassarem seu conhecimento técnico adiante.
Obs: Este texto é parte integrante da pesquisa monográfica, apresentado para conclusão da Graduação em Historia, de André Luis Teixeira.